sexta-feira, 21 de março de 2008

Devaneios


Apesar de reconhecer a saudade que sinto sou capaz de também tirar algo de positivo de tudo isto, é como se de uma força se tratasse, uma força espiritual muito forte que se sobrepõe a toda a dor que o sentimento reconhecido provoca. Esta sensação deixa-me desamparada e esta forma de estar torna-se nítida a qualquer olhar atirado sobre ela.
Costumo ter visões tuas que saem do meu inconsciente e que eu alimento de forma surpreendente. São imagens que as minhas palavras não conseguem exprimir e sempre que tentam fazem-no de um jeito impreciso, de um jeito imperceptível. Sinto um nó na garganta sempre que te recordo.... os meus olhos almejam ver-te. Tu és a minha secreta alegria.
Inquieto-me sempre que passo dias sem te por a vista em cima. Sinto-me castigada por amar-te tão imensamente. A paixão que professo é um refúgio que encontrei e neste refúgio sou compreendida, protegida, mas neste refúgio também sinto a solidão duplamente. Achas que me importo? Não me importo porque sou mulher para transformar esta solidão em momentos partilhados e faço-o com recurso á minha imaginação e fantasia. Estes momentos são apenas a tela em branco que pinto com as cores da minha vida. Acredita quando te digo que tenho em meu poder quadros lindíssimos. Quadros que retratam aquilo que está para além da compreensão humana, aquilo a que só os deuses têm acesso.
Neste momento desenho o teu rosto, um rosto perfeitamente invulgar e como que por magia sobreponho sobre ele uma das tuas mãos aristocratas e frias. Evoco piedade pela minha alma ao desafiar os deuses a confrontar tanta perfeição.
Muitos são os que não têm a capacidade para compreender esta minha experiência, estas minhas aventuras imaginativas. Não me importo com o que pensam.
Não consigo resistir á inspiração que me surpreende sempre que passeias pelos meus pensamentos e como gostas de passear neles e deixar aquela melodia suave que me arrepia a alma e sacode a única coisa viva que sinto dentro de mim: o meu amor por ti!
Confesso que já senti raiva e ciúme daqueles que marcavam presença nos mesmos momentos que vivias. Agora acredito que secretamente procuravam um pouco daquilo que espalhas com o teu toque, com teu olhar, com cada gesto teu, com cada palavra, acredito que procuravam vida para além das suas vidas. Procuravam mais vida.
Intemporalmente imagino-me a teu lado. E sabes que tem alturas que consigo mesmo sentir a tua presença? Digo estas palavras com alguma timidez, afinal através delas exponho a minha alma, abro o meu coração. Quando te imagino existe algo espiritual em torno que faz com que num lento mergulho as nossas almas se encontrem e dancem um pouco nesta vida que tem sido tão cruel com os meus sentimentos, que tem sido tão cruel ao afastar-me da outra parte que me completa, ao afastar-me da extensão de mim. Ao afastar-me de ti. É estranha a teia que o destino constrói para nós.
Olho o chão e conformo-me que nada há a fazer. Observo agora o vazio que sinto neste mesmo momento... este vazio é bastante nítido e penetra a minha consciência cada vez mais. Sinto agora o corpo a ser pressionado, a emergir no meio de tanta imprecisão.
Não demores. Vem e leva-me. Apazigua os meus caprichos de menina mimada, os meus sentimentalismos de mulher. Segura-me porque estou ao teu alcance agora. Delicia-me nestes momentos de dúvida e reflexão. Embala-me com as tuas movediças palavras. Segura e protege-me porque sou tua.

7 comentários:

Unknown disse...

Por vezes a vida prega-nos partidas e afasta a nossa outra parte de nós...sentimo-nos perdidos, desamparados...mas se essa parte for a nossa alma gémea entao as vidas irão cruzar-se de novo...e aí já nada separa o que o destino uniu...

Jorge Valente disse...

Que dança bonita de palavras...é um mundo mágico este que alguns seres conseguem viver nos seus sohos e pensamentos.

Ainda bem que te conheço, também vou tentando ser feliz contigo...e aprendendo imensas coisas. Tu és uma menina...do sempre!


Beijos amiga.Sabes que gosto de ti.

Vanda Amador disse...

Acreditas mesmo no destino? Que nascemos já com os trilhos traçados e que só temos que percorre-los?
Não creio...
Por uma série de comodismos seria o ideal, mas em termos de desafio seria uma porcaria!! não achas?

Contudo no meio de tudo isto a primeira frase que me ocorreu foi: O que é de ti, a ti virá..

Nós podemos viver num mundo mágico também na realidade. É só ver o mau noutra perspectiva... Porque os momentos menos bons são também eles essenciais. É o equilibrio natural da vida.

Unknown disse...

Acredito no destino...acredito que existe um livro mágico e sagrado onde está escrita a nossa função no universo...acredito que existimos por algum motivo, mesmo que nem sempre consigamos perceber qual ele é...acredito que se não for neste vida será numa outra que o nosso destino será cumprido...recuso-me a acreditar que sejamos apenas fruto de meras coincidências, se assim fosse tudo o que fizermos não faz qualquer sentido...por isso sim, acredito no destino...preciso de acreditar no destino...preciso de acreditar que o destino é o amor...

Vanda Amador disse...

É preciso ter presente que as condições necessárias nem sempre são suficientes. Sim, é preciso acreditar e eu também acredito nos sentimentos que nos unem. Também acho que tudo tem uma razão de ser mas daí a acreditar que não tenho comando sobre a minha vida!! parece-me demais. Mas é só a minha opinião.

Unknown disse...

A vida é tua, só a ti te pertence, mas existe sempre um ponto de viragem onde a tua vida cruza-se com a de outra pessoa, aí por mais que tentes já nada podes fazer para acabar com essa ligação...sim, podes dizer que cortas esse laço que vos une, mas será que acabas realmente com tudo? O pensamento que te atraiçoa e te faz pensar no que poderia ter sido? Consegues compreender agora que o que não ficar resolvido nesta vida ficará numa outra?
É só um pensamento e a minha visão romântica da vida...

Vanda Amador disse...

Dizes bem, a vida é minha, eu tenho o comando. Toda ela é envolvida em outras vidas... afinal vivemos em sociedade.

Certo é que não controlamos tudo, mas controlamos uma grande parte.

Eu compreendo esse teu lado romantico, só não concordo!! É um direito que me assiste...