
Porque o que um dia fez sentido...
...deixa de o fazer.
Porque o que um dia foi...
...não o é mais.
Despeço-me.
Foi um Prazer.
Quando apago a luz e tento dormir, sinto as ondas que irrompem o quarto soprando-me ao ouvido aqueles sons que me fazem respirar fundo… penso que seja por haver dias como estes, onde o conhecimento esperado se transforma em nostalgia de tempos que foram…

Tudo está demasiadamente silencioso cá fora... Reparo na calma do mar. Aliás, reparo que tudo o que me rodeia apresenta uma aparente calma. Uma calma que chega a contrastar exageradamente com o turbilhão que carrego dentro de mim. O tempo está cinzento e parece que vai a qualquer instante suspirar trovoadas. Trovoadas que já pairam na minha cabeça faz tempo. Trovoadas que emitem sons irreais.
Lado a lado caminhávamos ao longo de todo aquele gradeamento, lembras? Ainda me entusiasmo sempre que recordo as nossas conversas, parece que ainda escuto a tua voz doce, melancólica, viciante, deliciosamente agradável. Igual a ti!! Adorava ouvir-te falar.
Atravesso o terraço e sobre mim caiem olhares da mais profunda solidão. O meu desprezo intensifica-se e experimento hostilidades que o meu corpo começa a libertar tão perfeitamente à vontade que não chego a ter consciência dos mesmos. É um comportamento depreciativo, bem sei... e portanto depressa passo por experiências de temíveis culpas, de temíveis consciencializações que jamais havia imaginado.
Posso até dizer de forma exagerada (tenho perfeita noção disso) que aqui posso deixar e guardar as minhas secretas anotações. Registos de palavras de vida. Registos da minha audaciosa vida. Percursos encenados. Provocados! Excitações de planos atingidos… Quase diariamente busco alucinações de uma compreensão incompreendida. Mas sempre assumi o risco. Alguns chamam-lhe forma exagerada, extremos radicalismos de quem não tem o que fazer. Eu diria que são provocações de um espírito crítico. Presumo que no fundo, e porque de inocente nada tem o ser humano, seja uma forma de assumir escolhas através de emaranhações psicológicas. Talvez o lado mais longo. Talvez! Talvez um esforço necessário á conquista das pessoas…
Os meus instintos e sentimentos não estão de acordo com aquilo que penso, com as minhas ideias. Contrariam as minhas vontades. Sinto-me imbecil. Sinto que o meu espírito reage ilogicamente a estímulos que atormentam o meu descanso. Nesse silêncio só sinto reprovação...

