terça-feira, 4 de novembro de 2008

Depois...*

Admirada pela revelação de que tudo encontra o seu lugar no mundo e iludida por pensamentos mistificados, segui rumo à cogitação.
Lembro que o ar estava abafado e a minha face sentia o toque de uma chuva miudinha que teimava em bailar. Era chuva de Outono. O céu embrenhava um brilho azulado e uma percepção instantânea da estrela da tarde que fazia estremecer com espanto os meus olhos. Em redor de ocultos alcances reconheço aparições de vozes interiores que gritam por ti, que almejam as noites quentes de Verão. E, já mais tarde, arrastada numa insónia que proclama por uma eterna permanência tua, percorro os esconderijos dos pensamentos mais ocultos dos jogos que encerramos. No limite de uma loucura sadia, deixo ao acaso cada suplantação de pedaços de uma imaginação conflituosa que vai reconstruindo aos poucos cada momento agraciado pela tua presença. Nada é deixado ao acaso… A cada passagem efémera traço sorrisos incrédulos da intensidade do que sinto. Seguramente forçaste as minhas barreiras, atingiste com zelo o meu coração e fazes-me suspirar excessivamente. Sim. Ainda! Vivemos intensamente porque sempre acreditamos que cada minuto depois era um minuto antes de qualquer coisa. Lembras das nossas cumplicidades transparentemente sugestivas do cheiro da tentação? Lembras como eram risonhas e maliciosas? (Adorava quando me prendias o cabelo nas tuas mãos… Adorava quando divinamente passeavas pelo meu corpo. – Esboço, agora, um sorriso contemplativo!)
Chega a ser custoso permanecer na realidade e não poder esticar os braços na imaginação contemplativa das horas que foram perfeitamente caudais de atrevimentos e que se soltam agora em mim em forma de lágrimas de saudade…


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